O sexo virtual é…

Posted on abril 29, 2010 por

31



Toda troca de erotismo entre duas pessoas, ou mais, via internet, seja por escrita, fala ou visão é tido como sexo virtual.

Uma prática cada vez mais comum, mas ainda cercada de tabus e preconceitos por ainda ser “recente” e gerar estranheza.

Ainda não existem conclusões científicas sobre o assunto, os dados existentes apenas apontam quantas pessoas praticam essa nova modalidade de prática sexual, e não buscaram ainda os motivos de as pessoas praticarem sexo virtual, apesar de já haver uma mobilização para buscar respostas para as muitas perguntas que surgiram sobre esse tema, como:

Afinal, quem pratica sexo virtual é uma pessoa desprovida de sexo real? É muito ativa sexualmente ao ponto de o real não bastar? É pervertida? Está insatisfeita com seu parceiro sexual atual? Está deprimida? Possui problemas psicológicos? Sexo virtual faz bem ou mal? É traição?! Quando sexo virtual vira compulsão?

Com base no empirismo, já que não podia contar com comprovações científicas, busquei as respostas para essas questões e cheguei a algumas conclusões interessantes que, claro, podem ser besteiras, mas que fazem sentido, e como não me custa nada compartilhá-las, e como vocês também podem acrescentar mais informações sobre esse tema, resolvi postá-las aqui.

Mas lembrem-se que não são reflexões/conclusões de uma pessoa especialista em comportamento humano, formada em psicologia ou psiquiatria, mas sim de uma jovem curiosa e atenta para essas questões.

Dito isso, vejamos… Em um mundo cada vez mais movido à tecnologia, que permitiu a expansão de nossos contatos, que nos permite mais privacidade e autonomia, que nos fazem buscar sempre por mais… mais novidades, mais sensações, mais sentimentos, mais conhecimento, mais pessoas, mais trocas  e, como seres sexuais que somos, quando sabemos que muito do tesão está na mente, nas fantasias, e como a cada dia somos bombardeados com temas sexuais, podemos acreditar que o sexo virtual se tornou parte natural para quem vive nesse mundo, portanto, não é perversão – patologia.

A relação que teremos com esse meio de prazer sexual dependerá da nossa capacidade de percepção sobre as barreiras que nós mesmos colocamos sobre o tema. Como assim?

Se você tem reservas quanto à masturbação – a autossatisfação sexual, se preocupa muito com privacidade, se não é nenhum pouco exibicionista (se excita exibindo-se), e nem voyerista (se excita vendo), ou não curte explorar suas próprias fantasias sexuais e nem se interessa em fazer parte das fantasias alheias, bem como acredita que o contato direto com uma pessoa é o único prazer sexual possível e, também, não vê graça em filmes e contos eróticos ou pornográficos, ou simplesmente nunca pensou no assunto, nunca surgiu alguém virtual que te despertasse esse tipo de interesse, você provavelmente achará as pessoas que fazem sexo virtual estranhas, por não compreendê-las.

O próprio modo como encaramos o sexo, o prazer sexual, e o nosso corpo, pode ser um empecilho ou um incentivador para a prática. Além, claro, do fator tempo e privacidade ao acessar a internet, e as pessoas com quem nos relacionamos.

Um dos principais motivos para eu chegar à conclusão de que sexo virtual é algo normal nos dias de hoje é o fato de ser cada vez mais comum conhecermos pessoas que começaram a namorar através da internet, ou pessoas que se tornaram amigas através da internet – essa digo por experiência própria, tornando-se relações presenciais, ou não, depois de um tempo. Afinal, ainda que um teclado e uma tela e mais quilômetros de distância existam entre você e a pessoa que está em seu monitor, é um ser humano que está ali, interagindo contigo no final das contas e, somando isso ao fato da sensação de privacidade e confiança que a internet nos dá, é possível que uma relação mais sensual nasça dessa combinação e,  então, dependerá dos valores e crenças de cada um para levar a diante ao ponto de ser tornar uma relação sexual virtual.

Depois que cheguei à conclusão de que sexo virtual é apenas mais uma prática sexual, percebi que ela é igual à masturbação – a autossatisfação sexual.

Por que afirmo isso?

Na busca pelo próprio prazer quando estamos sozinhos (sozinhos naquele momento e não sem um relacionamento) – seja por estar com tesão; seja para um alívio de tensões; seja por hábito – utilizamos a nossa imaginação, nossa lembrança ou fantasia, ou então utilizamos a visão – lendo contos eróticos ou vendo filmes pornográficos, para nos estimularmos sexualmente, mas no final a mão que nos estimulará fisicamente será a nossa – ou o objeto utilizado será manuseado pela nossa própria mão.

E no sexo virtual ocorre o mesmo – com a ressalva de que é mais dinâmico já que outra pessoa está compartilhando esse momento com você, mesmo à distância. Além de existir o exibicionismo, o que para algumas pessoas é o mais excitante no sexo virtual –  o se exibir sensualmente/sexualmente para alguém.

Claro que nessas minhas observações estou me baseando nas pessoas que fazem sexo virtual com desconhecidos, por que, se formos entrar no campo sentimental, do romance, um casal que teve que se separar por causa de alguma viagem, ou que só namoram pela internet mesmo, nada mais natural do que usar o sexo virtual como relação sexual corriqueira. O estranhamento é maior, e por isso estou me pautando nele, quando buscam sexo virtual com desconhecidos – ou acaba rolando com algum conhecido virtual, mas que não é seu par romântico, e ainda piora quando a pessoa é casada ou namora no mundo “real”.

E sobre isso, uma pessoa casada ou que namora fazendo sexo virtual com desconhecidos – ou mesmo conhecidos, também não deveria chocar tanto – a não ser que você pense que se seu/sua namorado/a, esposa/marido, se masturbar sem você presente, ou que é ainda pior se pensar em alguém que não seja você, é traição, errado etc. então não há forma de você achar normal seu/sua companheiro/a fazer sexo virtual com quem quer que seja.

Ainda mais por haver o agravante de “será que só fica no virtual?”, “será que dali eles não podem decidir combinar de se encontrarem de verdade?” – questões muito pertinentes e que não são difíceis de acontecer. Digo isso por que conheço pessoas que experimentaram o sexo virtual e se apaixonaram pelo par virtual de tal forma que resolveram passar para o “ao vivo”.

Então é melhor não contar para o(a) parceiro(a) sobre essas escapadelas virtuais da rotina, pois você pode até não ter intenção de transformar o virtual em realidade, usá-lo como masturbação apenas, mas causará insegurança na pessoa com quem mantém um relacionamento. Conte apenas se quiser que ela(e) participe, como muitos casais fazem atualmente – muitos transam na frente da webcam e/ou assistem outros casais transando. Seria tipo um swing, só que virtual.

Então, além de achar normal, você recomenda o sexo virtual, mesmo quando a pessoa está comprometida com outra?

Eu não recomendo nada, só não acho que seja errado ou anormal, pois o percebo como uma masturbação. E se um namoro ou casamento acabou por causa do sexo virtual, acredito que dois motivos são possíveis:

1. a pessoa que se aventurou no mundo do sexo virtual acabou se apaixonando por seu/sua amante virtual ao ponto de tornar a relação real, terminando a anterior;

2. a pessoa que descobriu a relação virtual do(a) companheiro(a) se sentiu traída por seu(sua) parceiro(a) manter esse relacionamento virtual e decidiu terminar por não entender como masturbação.

E mesmo em um relacionamento “ao vivo”, as duas situações são causadoras de separações: paixão e traição.

É lamentável que isso ocorra, mas não culpo o sexo virtual, mas sim as pessoas que não souberam deixá-lo como método de autossatisfação sexual e nada mais.

Portanto, não recomendo, mas não condeno, pois sexo virtual é igual qualquer outra prática sexual e cada um sabe o que é melhor para si mesmo e quais são seus gostos e necessidades.

Bom, além das questões de “é normal” e “é traição” que envolvem o tema, existe também a preocupação de fazer mal ao praticante e percebo  que, como em qualquer pratica sexual, o sexo virtual é bom por vários motivos, mas pode ser mau por outros tantos, tudo dependerá dos cuidados que as pessoas tiverem. Deixo aqui alguns itens bons e outros maus.

É bom por:

  • propiciar exploração das fantasias sexuais, dando mais liberdade, fazendo descobrir desejos que até então não sabiam que tinham;
  • propiciar exploração do corpo, fazendo com que a pessoa descubra seus pontos erógenos e se sinta bem com seu próprio corpo;
  • não expõe às DSTs;
  • garante privacidade, o que gera desinibição e melhor aproveitamento;
  • ajuda a auto-estima, pois a pessoa percebe-se capaz de seduzir;
  • prazer imediato e sem preocupação com terceiros;
  • estimula a mente;
  • se rolar entre um casal de namorados, ajuda a lidar com a saudade e mais a maioria dos itens acima.

E mau por:

  • ainda que não conheça a pessoa e não corra o risco de encontrá-la, ela pode disponibilizar as fotos e imagens suas na internet, ou até enviar para conhecidos seus, caso os descubra;
  • pode virar uma compulsão e te afastar do convívio da família, dos amigos e até do parceiro(a), e prejudicar o trabalho;
  • a pessoa com quem se mantém um relacionamento amoroso pode não gostar se descobrir, se sentirá traída e terminará a relação;
  • você pode se apaixonar pela imagem da pessoa através internet e então resolver encontrá-la pessoalmente e se decepcionar, seja por não ser como imaginava, seja por descobrir que a pessoa não tinha bom caráter e tentar algo contra você;
  • acostumar-se a ter prazer sozinho e não buscar relacionamentos presenciais;
  • a pessoa pode isolar-se ao ponto de não saber mais como interagir com possíveis paqueras reais;
  • se o relacionamento virtual acabar, o/a ex pode usar o material que tiver de você para prejudicá-lo/a.

Sinto falta de um estudo aprofundado por parte de médicos e psicanalistas sobre o tema, até mesmo por que acredito que o sexo virtual pode virar uma doença se a pessoa não tiver cuidado.

Acredito nisso por que a internet já está sendo observada como geradora de dependência igual droga e a masturbação também pode levar à compulsão, então, a combinação de internet e masturbação deve gerar mais problemas ainda.

Além do mais, é importante conhecermos os motivos que levam as pessoas a buscarem o sexo virtual, pois creio que algumas o façam por estarem insatisfeitas consigo mesmas, ou por talvez serem inseguras e tímidas ao vivo e pela internet acharem um meio de explorarem sua sexualidade, ou pode ser também por estar em uma relação que já não lhe agrada e então busca um escape.

Enfim, se os motivos que levam alguém a praticar o sexo virtual for um indício de problema, não vejo a prática como algo saudável e sim como uma fuga para um problema, o que pode agravá-lo.

Penso também que existam pessoas que busquem o sexo virtual apenas como distração ou nova modalidade de masturbação, e dessa forma percebo como saudável, mas não são todas e isso precisa ficar claro.

Então, após essa extensa reflexão, fica o apelo aos cientistas para que pesquisem e analisem o tema e nos informem, claro.

E, enquanto isso, pergunto aos que leram esse texto o que pensam a respeito do sexo virtual. Não sejam tímidos, vocês nem precisam se identificar para comentarem!